
João Grilo foi um cristão
Que nasceu antes do dia
Criou-se sem formosura
Mas tinha sabedoria
E morreu depois das horas
Pelas artes que fazia.
[...]
Assim mesmo ele criou-se
Pequeno, magro e sambudo,
As pernas torts e finas
A boca grande e beuçudo
No sítio onde morava
Dava notítia de tudo.
João perdeu o seu pai
Com sete anos de idade.
Morava perto de um rio,
Ia pescar toda tarde,
Um dia fez uma cena
Que admirou a cidade.
O rio estava de nado
Vinha um vaqueiro de fora
Pertuntou: - Dará passagem?
João Grilo disse: - Inda agora
O gadinho do meu pai
Passou com o lombo de fora.
O vaqueiro botou o cavalo
Com uma braça deu nado
Foi sair já muito embaixo
Quase que morre afogado
Votou e disse ao menino
- Você é um desgraçado!
Lima, João Ferreira de. Proezas de João Grilo. Fortaleza: Queima-Bucha, 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário